Como já enfatizado em diversas outras matérias que postamos, principalmente aquela que listou os 10 filmes que você precisa assistir antes de visitar a Itália, a Toscana é uma região repleta de cenários peculiares que criam uma orbita especial para sua viagem. Entre todos os pontos mais frequentados, um que não pode ficar de fora do seu roteiro é a cidade de Pistoia, localizada em um ponto estratégico entre Florença (a capital da região) e Viareggio (a cidade litorânea mais conhecida pelas suas praias), sendo assim, a cidade que reclama ter sido a inspiração do nome da arma “pistola” é uma parada obrigatória para os visitantes.Com cerca de 90,5 mil habitantes e encravada na província homônima, a cidade de Pistoia serve opções mais econômicas (hospedagem, transporte, roteiros etc) para quem pretende visitar a Toscana, uma vez que seu atual planejamento urbano é pautado com base na Área Metropolitana de Florença, que une as províncias de Florença, Prato, Pistoia e Luca, em roteiros integrados e transportes constantes (há trens de hora em hora que fazem exclusivamente as paradas entre Pistoia e Florença, atravessando pela província de Prato).Tal como todas as cidades históricas da Itália, Pistoia fora fundada pelos romanos e começou a crescer como vilarejo no século II a.C. quando Roma, em guerra contra os exércitos da Ligúria, desenvolve-a com ponto de apoio para a estadia de suas tropas, sendo chamada de Pistorium, Pistoriae ou Pistoria (sempre em Latim). Mais tarde, no século V, Pistoia ganha notoriedade por se tornar uma importante sede episcopal; depois viria a ser conquistada pelo Godos, pelos Bizantinos, pelos Lombardos, e também pelos Francos.Séculos depois, ainda sob domínio dos Lombardos, Pistoia ascende ao status de cidade e começa a se desenvolver demograficamente e economicamente, sendo privilegiada pela sua localização geográfica. Houve também um segundo boom de crescimento no ano 1000, quando era controlada por imperadores germânicos. Apesar de todo desenvolvimento e história, Pistoia só viria a conquistar sua autonomia governamental no ano de 1105.

No século XII acontece o terceiro boom da cidade, quando emerge uma classe mercantil muito forte, sendo esse período considerado o de maior esplendor da cidade. No entanto, a posição geográfica que tanto lhe privilegia até hoje, nos tempos em que o território italiano era microdividido entre famílias inimigas que controlavam seus reinos, ducados, cidadelas e fortificações movidas pela ganância de expansão, Pistoia era uma das cidades mais assediadas, pois fiorentinos e luqueses queriam tomá-la a força – o que rendeu uma aliança da cidade com Pisa e Siena, a fim de auxílio e proteção contra as constantes ameaças e investidas que partiam de Florença e Luca.Pistoia perde sua autonomia em 1306, quando passa a ser de domínio fiorentino. Sob o controle de Florença a cidade se arruína numa crise socioeconômica ao longo do século XIV. Com a criação do Grão-Ducado da Toscana, em 1569, sob então controle da Família Médici, novamente a posição geográfica pistoiense a privilegia. Começa-se uma nova Era para a renovação e a requalificação da malha urbana de Pistoia, voltando a ser um notável centro político e cultural. Os anos que se seguiram até a unificação da Itália foram tempos de glória para a cidade que recebeu artistas, intelectuais e nobres, e foi favorecida na construção das ferrovias que cortam a Itália.Em 1861, Pistoia é integrada ao Reino da Itália, e, em 1927, torna-se sede da província homônima.Ponto estratégico da Liberação da ItáliaContar a história de Pistoia é resgatar várias partes da história da Europa. Sendo uma cidade geograficamente importante, essa participou de vários episódios cruciais para a formação do que a Europa é hoje, portanto, ela não ficaria de fora da II Guerra Mundial.Assim como narrado nas matérias sobre a liberação da Itália das tropas alemãs, sobre o Monumento Votivo Militar Brasileiro e sobre a história de Constantino Marochi (o primeiro soldado brasileiro a morrer na II Guerra), Pistoia sediou a batalha do Países Aliados na investida contra a “Linha Gótica dos Países do Eixo”, a fronteira estratégica da Alemanha Nazista que cortava a região central da Itália com o objetivo de impedir que as tropas dos Aliados avançassem para o norte da Itália e cruzassem as fronteiras até a Alemanha.O que visitar?Uma cidade que remonta aos tempos da Roma Antiga tem muito o que se ver, desde os pontos mais antigos como a praça do Duomo, a Catedral de San Zeno, a capela de Sant’Andrea, a Pistoia Subterrânea, o palácio dos Vescovi, entre outros.No entanto, para quem é mais aficionado pelas belas artes, a dica é o Museu Cívico de Pistoia, que além de obras que datam de período medievais, também se encontram parte das obras do acervo dos Médici, várias pinturas e peças que recontam os anos de glória do Grão-Ducado da Toscana. Também se pode visitar obras modernas que demonstram o período de desenvolvimento arquitetônico da atual cidade.Já para quem busca diversão e gente reunida para uma noitada, de acordo com o TripAdvisor, a praça da Sala desponta como uma das preferidas por turistas, estudantes e baladeiros da região, sendo considerada o coração da vida noturna da cidade.Pistoia Blues FestivalAnualmente, no mês de julho, a cidade de Pistoia sedia um grande festival que recebe artistas internacionais de peso. Entre os nomes que já tocaram no Blues Festival, estão: Frank Zappa, B.B. King, Deep Purple, Bob Dylan, Lou Reed e Canned Heat, Carlos Santana, Ray Charles, Artic Monkeys, The Doors, Jack Johnson e David Bowie.Além das atrações principais, a cidade movimenta apresentações menores e descentralizadas de artistas de blues, rock e música alternativa. Este ano, o Festival traz nomes internacionais como os ingleses da banda Bastille, o irlandês Damien Rice e o libanês radicado no Reino Unido, Mika.A história com a origem do nome “pistola”Uma narrativa muito presente no cotidiano italiano é que o nome “pistola” (a arma de fogo de tipo convencional) é etimologicamente vinculado a cidade de Pistoia, de onde, em meados do século XVI, surgiram notáveis oficinas de armeiros, fazendo, à vista disso, com que o nome da arma fosse uma homenagem à cidade.Porém, explica-se, com um pouco mais de lógica, que a etimologia oficial teria surgido do tcheco “píšťala” (que significa tubo, vara), visto que o termo também era usado para definir algumas facas ou qualquer arma que pudesse ser segurada com apenas uma mão.Todavia, lá na Península Ibérica, os povos espanhóis reclamam também a origem etimológica da “pistola” para si, justificando que seria uma homenagem a “pistoles”, moeda espanhola de diâmetro igual ao calibre das armas da época.Capital Italiana da Cultura 2017Em janeiro deste ano, Pistoia foi anunciada vencedora do concurso nacional que elege a Capital Italiana da Cultura e durante todo o ano de 2017 realizará eventos e incentivará o desenvolvimento da cultura e das artes na cidade.Com a vitória a cidade receberá investimentos do Governo Nacional para a requalificação urbanística, prática de ações e políticas culturais, além da realização de todo o programa previsto na sua candidatura ao título.Conheça o que mais Pistoia tem a oferecer!

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